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quinta-feira, 1 de maio de 2025

CRITICA TEATRAL: ANILIA FRANCISCA FALA SOBRE A EDIÇÃO DE PÁSCOA DO CIRCUITO CARIOCA DE ARTES DE RUA

 Histórias Cantadas e Contadas


Histórias cantadas de contadas, do grupo Cantando para Contar de São Gonçalo, Rio de Janeiro, traz uma intervenção artística bem dinâmica e bem alegre. A atriz Shanna Magalhães conduz de forma hábil, várias histórias infantis muitas delas na cultura popular, costuradas por cantigas de roda, trava línguas e brincadeiras cantadas.

A banda é extremamente sintonizada e a música ao vivo faz toda diferença - pois músicos em vários momentos também intervém no espetáculo e contribuem na narrativa e em diversas histórias chamando plateia para brincar junto. Voltado para o público infantil o espetáculo não deixa a desejar colocando todo mundo pra dançar e cantar, inclusive propondo coreografias.


Adultos também se divertem ouvindo tradicionais canções que também fizeram parte do repertório de suas infâncias. Embora seja um solo com banda, a peça -show não perde o ritmo e não deixa as crianças sentadas em nenhum momento, provocando momentos únicos de dança coletiva e trocas que são tão necessárias nesses tempos que clamam a interatividade.



O grande Agulha, único palhaço que vira unicórnio

Essa performance de palhaçaria que pode ser adaptável para qualquer espaço cênico consegue prender a plateia até o fim do número. Agulha vem com uma mala (infelizmente não adereçada como seu dono), anunciando uma grande façanha a qual ensaiou por muitos anos: virar unicórnio. É uma pena que não saíram mais surpresas de dentro dessa mala, que criou uma expectativa a respeito das inúmeros potenciais prometidos. Apesar disso, o palhaço compensa o público com piadas simpáticas e muita interação. Sinto que faltou musicalidade, e porque não, algumas outras Gags que pudessem abrilhantar melhor as diversas habilidades insuspeitadas do "nada modesto"Agulha.

O performer é bastante experiente, tem escuta aguçada e percebe público, troca com ele, algo bem raro de acontecer. É uma pena que o número foi muito rápido e a culminância pela qual todos esperávamos ansiosos, infelizmente, aconteceu sem a devida preparação para um ápice, um "grand finale", ou seja, um step by step - talvez seja, por causa disso, que muitos dos espectadores não perceberam que o número havia finalizado. De qualquer forma, como próprio palhaço disse, 'se por alguns poucos minutos conseguimos esquecer nossas vidas complexas, e destinamos um sorriso sincero nessa cena ' tudo já estaria valendo a pena. E valeu.



Histórias de Coelho

O grupo teatral ASLUCIANAS do Rio de Janeiro, traz uma proposta criativa quando usa a figura do coelho para interligar três histórias da literatura mundial. Algumas das histórias são bem conhecidas, como A Lebre e a Tartaruga, entretanto outras são provavelmente desconhecidas para a maioria do grande público como o conto de Clarice Lispector: O mistério do coelho pensante. O grupo apresenta um figurino interessante que chama bastante atenção da criançada, já que combina com muitas peças dos adereços que eles trazem, reportando ao mapa-mundi com ilustrações divertidas.


Há uma tentativa de introduzir músicas populares e uma trilha que conduz as histórias, entretanto só violão como instrumento harmônico e as vozes dos atores ainda não conseguem dar o colorido necessário para estimular um coro do público. É possível que a escolha do repertório devesse estar mais dentro do universo infantil, já que ao que parece, apesar de ser uma peça de rua, o público alvo são as crianças, ocorre que, isso nem sempre ocorre na montagem.

A peça é divertida, as atrizes são versáteis e transitam por diversas personagens e linguagens - inclusive o teatro de bonecos, o que prende e conquista uma plateia de todas as idades - mas o ator/músico fica bem sobrecarregado na missão de tocar e interpretar, afetando as multitarefas que são executadas, quase nem sempre de forma eficaz.

Por ser uma peça de rua, a escolha de fazer três historias curtas é feliz. Pois nem sempre o público consegue ver todas elas, e mesmo pegando uma ou outra, já se sente contemplado, pois as narrativas se finalizam e funcionam de forma independente.

Entretanto a montagem que ultrapassa 50 minutos torna-se longa para a plataforma que foi apresentada, pois com ritmos e abordagens bem distintas, dispersam a plateia, que muitas vezes não encontra a conexão entre as narrativas e desconecta-se.

O que é mais atraente no espetáculo são as temáticas tocantes e nobres que são tão necessárias - a solidariedade, o perdão, o respeito, a busca por um mundo melhor, a valorização da ancestralidade, entre outros. Princípios tão relevantes, que aqui são resgatados e nos comovem em muitos momentos. Não sao apenas histórias de coelho, são histórias de gente, para gente, sobretudo.



Por Anilia Francisca

29 de abril de 2025

Formada em Artes Cênicas pela UNIRIO (2004) e em direito pela SUESC (2001), é pós graduada em Arteterapia e Educação na UCAM, MESTRADO PROFISSIONAL em Teatro pela UNIRIO (2016). É DOUTORA em ARTES DA CENA na UFRJ (2024). 
Encenadora e dramaturga, já escreveu mais de 20 peças. Diretora com diversos prêmios em festivais nacionais, é fundadora e dirige há 25 anos o GENE INSANNO CIA DE TEATRO. É uma das produtoras do Ponto de Cultura eMGI - Ponto Multicultural Gene Insanno (Araruama/RJ). Professora de artes cênicas do RJ há 16 anos. Faz pesquisas sobre multifoco, teatro de autoficcão, ator criador, dramaturgias e teatro pós-dramático. Já dirigiu 5 curtas metragens, fez preparação de elenco e edição de diversos filmes, produziu e criou mais de 30 espetáculos teatrais no estado, além de festivais de artes cênicas, como o FESTAR que está na quinta edição.

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